Por que resolvi fazer um Blog?

Você já parou para pensar em quem é você? Não me refiro ao nome, profissão, ocupação, posição familiar ou na sociedade. Quem é você como individuo, o que espera desse mundo, quais são seus verdadeiros desejos, suas metas, suas realizações.

Acho impossível definir um ser humano de maneira simples. Cheguei à conclusão de que somos feitos de vários pedacinhos, que juntos formam a pessoa única que vemos quando nos olhamos no espelho. Cada pedacinho é um aspecto da nossa individualidade. Alguns são maiores, ocupam lugares de grande destaque, e outros são menores. As vezes tão pequenos, que acabam sendo esquecidos. Mas cada fragmento é importantíssimo e essencial para vivermos em harmonia conosco mesmos e com o mundo. Quando negligenciamos algum deles, fica um buraco. Muitas vezes imperceptível. Mas que com tempo pode crescer e se aprofundar. Como resultado acabamos perdidos, deprimidos, sem entender o que está faltando e porque estamos em desequilíbrio.

Raciocinando dessa maneira, há algum tempo venho fazendo esse exercício pessoal, e tentando identificar os meus pedacinhos, e o que está faltando para preencher as lacunas. Não é fácil, mas vou tentar resumir.

Sou mãe. Uma mãe apaixonada, realizada e muito feliz com suas crias. Faço de tudo e largaria tudo por eles se fosse preciso. Claro, tenho meus momentos de sentimentos ambíguos, e de desejos secretos por desaparecer. Afinal, sou uma mãe normal, como todas as outras. E esse, é o meu maior pedaço. Aquele que com certeza ocupa o maior espaço, descaradamente. Mas, eu não sou só mãe.

Sou médica, Hematologista. Adoro minha profissão, tenho muito orgulho dela. Sinto que estou no lugar certo. Minha especialidade, no entanto, não é fácil. Cuido de vários pacientes graves, presencio histórias trágicas, sou muitas vezes sugada pelas famílias inconformadas. Já tentei ficar longe da clínica e trabalhar apenas em laboratório, sem contato com essa vivência tão estressante. Aguentei por 3 anos. Foi impossível continuar sem cuidar de pacientes. Afinal, por mais difícil que seja, esse também é um pedaço de mim. Grande e imponente.

Mas, esses 2 aspectos não me resumem. Longe disso. Eu já era alguém antes de ser mãe e médica.

Eu sou bailarina. Dancei ballet clássico com grande afinco por 11 anos da minha vida, na adolescência. Tive que parar por escolhas que a vida nos apresenta, mas sempre fui completamente apaixonada pela dança. Então, mesmo não praticando no momento, esse também é um pedaço de mim.

Eu sou corredora. Me encontrei na corrida de rua. Frente a toda a logística que o cotidiano me impõe, esse é um esporte que se encaixa na minha rotina e que facilmente ganhou o meu coração. Adoro me superar, chegar mais longe e mais rápido. Levo a disciplina, persistência e resiliência que aprendi para todos os aspectos da minha vida. Esse é outro pedaço de mim.

Eu sou uma leitora. Amo livros de ficção, desde sempre. O hábito começou na infância e se perpetuou pela vida toda. Tenho certeza de que conquistei muitas coisas graças a ele. Sou viciada em mergulhar no universo dos livros e viver outras vidas. Adoro esse pedaço de mim.

Mas existe algo ainda mais primitivo. Um pedacinho que estava escondido lá no fundo, e que sempre me cutucou, querendo vir à superfície. Por muito tempo foi difícil identificá-lo. Mas aos poucos, com esse exercício de autoconhecimento percebi o que era.

Eu sou uma sonhadora. Desde a infância. Era aquela criança que sempre imaginava, inventava, e trazia todas as outras para dentro da minha história. Tinha amigos invisíveis e realmente acreditava que existiam. Convenci todas as minhas amigas de que realmente era possível ir para a Terra do Nunca e fiz o prédio inteiro acreditar que uma bruxa morava no oitavo andar. Ninguém tinha coragem de ir lá. (Por favor, amigos de infância, não me deixem mentir e podem comentar bastante).

E era esse pedaço que estava me incomodando. Estava inutilizado, mas vivo, debaixo de tantos outros. Até que ele conseguiu emergir. Mas como ser uma sonhadora depois de adulta? Eu já conheço a realidade e sei que o Peter Pan não vai aparecer no meu quarto durante a noite. Só achei uma resposta: escrevendo!

Criar histórias faz parte da minha identidade desde criança. Esse fragmento apareceu algumas vezes ao longo da minha existência, mas sem receber muita atenção. Surgiu em textos espalhados por aí, em cadernos, diários, redações, redes sociais. E agora que foi reencontrado, seria impossível fingir que não existe.

Então, criei esse blog. Com o intuito de viajar nas minhas ideias. Livremente e sem censuras. Convido vocês para me acompanharem e esquecerem um pouco a realidade. Permitam-se voar sem sair do lugar, e serem transportados a mundos novos, com infinitas possibilidades. Afinal, é isso que as histórias fazem.

Apresento assim, mais um pedacinho de mim. O pedacinho que demorei 38 anos para reconhecer: eu sou escritora.


“(…) a melhor parte (desse livro) é uma carta de autorização: você pode, você deve e, se tomar coragem para começar, você vai. Escrever é mágico, é a água da vida, como qualquer outra arte criativa. A água é de graça. Então beba.

Beba até ficar saciado.”

Stephen King, “Sobre a escrita”.

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