Percorremos juntos aqui no blog uma pequena jornada pelo meu mundo da escrita. Ela esteve presente na minha infância, como puderam conhecer em “Sementinha de escritora”; esteve em gestação dentro de mim enquanto me descobria uma leitora, como contei em “A essência do escritor”; e por fim, ressurgiu na minha identidade durante um momento difícil, mostrado em “O renascimento da escrita”.
Nesse último texto da série, contei como foi o processo criativo do meu primeiro romance: pura inspiração e fluidez. Em poucos meses escrevi uma história de mais de 400 páginas sem planejamento prévio nenhum, e conquistei minhas primeiras leitoras. As leitoras betas, como aprenderia mais tarde.
Porém, mesmo com esse grande projeto concretizado em minhas mãos, ele foi engavetado. Com a sua finalização eu entrei um uma fase de vida completamente nova e desafiadora: a maternidade. E ela sugava todas as minhas forças, minha atenção e minha inspiração. Toda a minha individualidade. Por alguns anos, o meu contato com a escrita se restringiu a textos espalhados em posts pelas redes sociais, e declarações explícitas de amor aos meus filhotes (são dois), como podem conferir no primeiro post desse blog, com o poema “Tempo, seja meu amigo”.
Após as crianças crescerem um pouco, e uma mudança de vida desafiadora para fora da capital paulistana, foi que comecei a ter contato comigo mesmo novamente. Encontrar o tempo precioso para ser eu mesma e retomar questões e desejos pessoais que precisaram ficar em “stand bye” por algum tempo.
Mas então, veio a Pandemia. E tudo foi pausado novamente: sonhos, projetos, metas. Tivemos que reinventar as nossas vidas: crianças presas em um apartamento, home office, home school, medos, incertezas, estresse, tristeza. E foi no meio desse turbilhão de emoções, onde eu não podia desmoronar, que surgiu aquela necessidade de fuga novamente. Um descanso da realidade da qual eu não tinha controle. Uma maneira de acalmar as angústias de uma mente agitada.
Foi quando lembrei daquele original, guardado onde ninguém poderia lê-lo. De que serve uma história se não pode ser contada, se não pode ser lida? Assim, abri a gaveta novamente e encarei o meu romance:
– O que vou fazer com você?
Minha primeira ideia foi estudar. Sim! Estudar o que eu poderia fazer com um original inédito, de uma autora completamente desconhecida. Como fazer para chegar ao público? E onde eu acharia esse público? Intuitivamente, minha primeira ideia foi mandá-lo para várias editoras grandes e famosas, na esperança de que fosse publicado e que eu encontrasse meus exemplares em cada livraria que visitasse. Não precisei estudar muito sobre o mercado editorial para entender que não é assim que as coisas funcionam no mundo real.
Antes de decidir para quem eu mandaria o original, letras garrafais brilhavam em todos os livros que li, e em todos os cursos que fiz, gritando: revise, revise e revise. E quando acabar, revise novamente. Quantas vezes forem necessárias. E são muitas vezes. A primeira versão do seu trabalho nunca será a versão final.
Aprendi sobre a estruturação do romance. Como já tinha a história pronta, tive que fazer o trabalho de traz para frente: ir conferindo se a estrutura do meu romance estava certa e ir concertando o que precisava, sem deixar tudo desabar.
O meu processo criativo, em que a história foi surgindo por vontade própria, por pura inspiração, é o mais livre e mágico possível. Porém, exatamente por causa disso, como não segue um planejamento prévio, é o que pode dar mais trabalho na hora da revisão. A história acaba dando voltas, criando “dobras” e “gorduras”, que tiram a narrativa do eixo e a premissa acaba se perdendo. Assim, conheci na marra e sem aviso prévio, o momento mais doloroso para todo escritor: a hora de cortar. Sim. Tive que cortar vária passagens que não contribuíam para o desenvolvimento da trama ou para o aprofundamento das personagens. E, acredite, isso não é nem um pouco fácil de se fazer. Dói. Mas a história fica muito mais clara e coesa.
Além disso, a revisão também serviu para fechar pontas soltas e deixar os ganchos necessários para uma continuação, já que esse meu primeiro projeto se trata de uma trilogia.
Depois de meses mergulhada nesse processo de estudo, revisão e reescrita, considerei que tinha em mãos a melhor versão do meu trabalho a que conseguiria chegar sozinha. Agora, precisaria de uma opinião profissional. De uma leitura crítica. Encontrei um editor de confiança e entreguei meu original para avaliação.
Mas de que adiantaria o livro pronto, reescrito e editado, se eu ainda não tinha quem fosse lê-lo? Como as pessoas iam escolher ler o meu livro no meio da infinidade de tantos outros? Como poderia apresentar a elas a minha escrita, para que dessem um voto de confiança para ler o meu romance?
O meu amadurecimento como escritora ainda estava apenas no começo.
” Quando sua história estiver pronta para ser reescrita, corte-a até o osso. Livre-se de cada grama de gordura. Vai doer, revisar uma história até chegar à sua essência é um pouco como matar um filho, mas precisa ser feito.”
Stephen King
A arte nunca é um processo fácil.
Mas a boa notícia é que o processo vai se tornando mais fácil a medida que nós e nossa arte amadurecemos.
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Achei o seu blog fuçando as sugestões no wordpress e adorei ler sobre sua trajetória e fiquei curiosa para saber mais.
Gosto muito de ler e a escrita sempre esteve presente na minha vida, mesmo tendo alguns momentos de pausa também.
Vou ler os post que você sugere no seu texto e espero logo, logo ler mais sobre o seu amadurecimento como escritora. Acredito que posso aprender contigo também!
É um prazer conhecer o seu cantinho na internet.
Até logo, Juliana!
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Olá, Ana. O prazer é todo meu em ter você me acompanhando!
Fico lisonjeada com o seu comentário e espero conseguir te inspirar a adotar a escrita como parte da sua individualidade.
Vamos aprender juntas! Juntas pela literatura e por novas histórias.
Seja muito bem-vinda!
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Oi Ju… curiosa para ler suas obras…. sucesso sempre….
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