Através de uma série de reflexões, realizamos juntos, aqui no blog, uma viagem pelo meu mundo particular da escrita. Começamos lá na minha infância, com “Sementinha de escritora” e passamos pelos anos que me firmaram como leitora, no “A essência do escritor”. Deparamo-nos com o momento delicado da minha vida que despertou novamente a escrita em mim em “O renascimento da escrita” e finalmente conhecemos o início do processo de evolução e conscientização da escrita em “O amadurecimento da escritora”.
Nesse último texto, contei como descobri a necessidade da revisão e reescrita do meu primeiro romance. Mostrei como, apesar de doloroso, o corte de cenas, capítulos e personagens, foi necessário para chegar à essência de história e deixá-la mais coesa. Ao final desse processo longo e penoso, entreguei minha obra para uma leitura crítica.
Mas eu não poderia ficar apenas aguardando o resultado dessa avaliação. Do que adiantaria ter o livro pronto em mãos, se não houvesse ninguém para lê-lo? E como as pessoas poderiam descobrir a sua existência e escolhê-lo entre o mar de opções? Eu precisava encontrar meu público leitor. Contar para ele que a minha escrita existia e que ele deveria experimentá-la. Que ela poderia ser interessante.
Para isso, precisei de coragem: me despir e tornar público alguns textos. Perder o medo de ser lida, criticada e, talvez, admirada. Mas, até então, minha produção se resumia a um romance. O que eu teria para mostrar? Para oferecer como degustação?
Após realizar mais algumas pesquisas e cursos, descobri que os contos poderiam ser uma boa opção para minha apresentação como escritora. Com isso, tive a ideia de criar esse blog, o Viajando nas ideias, para que ele fosse o cartão de visitas da minha produção literária. Aqui os leitores poderiam conhecer o meu estilo, os gêneros em que me sinto mais à vontade, e acompanhar minha evolução como escritora e o amadurecimento dos meus textos.
O maior desafio era: eu nunca escrevera contos antes. Eu não era habituada a ler contos. Sempre preferi os romances: narrativas mais longas, que nos dão a oportunidade de um envolvimento maior com a trama e os personagens, por mais tempo. Passei a vida toda lendo romances então, escrever um me pareceu extremamente natural.
Para encarar esse desafio, passei a ler coletâneas de contos de grandes autores (Edgar Allan Poe, Cortaza, Maupassand, Borges, Hemingway, Tchekhov, Machado de Assis) e mergulhei em um mundo, até então, completamente desconhecido.
Orientada por diversos cursos de qualidade, aprendi que a estrutura de um conto é completamente diferente de um romance. A narrativa curta deve ter menos personagens, poucos detalhamentos e descrições, se ater a uma situação. Precisa ser coeso, ter ritmo, e gerar o maior impacto possível. Através dos mínimos meios, gerar o máximo de efeito.
Estava habituada a desenvolver uma situação, para gerar o ambiente propício para história. Trabalhar nas camadas e desenvolvimento do arco de mudança do personagem. Estruturar o arco narrativo para evolução da trama. Cuidar da verossimilhança. E agora, eu teria que fazer algo completamente diferente.
Foi muito mais difícil escrever meu primeiro conto do que meu primeiro romance.
Depois de algumas tentativas fracassadas, finalmente cheguei a um texto que, aparentemente, era um conto decente. Por fim, criei coragem e o compartilhei em um grupo de escritores do qual participo. Para minha surpresa, foi muito bem aceito e elogiado. Foi o estímulo que precisava para finalmente publicar e colocar o blog no ar. Esse conto é “O médico e bêbado” que está entre as primeiras postagens daqui do blog e já foi publicado pela revista Paranhana Literário.
Aos poucos esse novo gênero de escrita nasceu em mim e encontrei uma nova versão de escritora adormecida, que até então, não fazia ideia da sua existência.
Sempre procurando melhorar e evoluir, continuei estudando, participando de cursos e oficinas e lendo. Lendo muito! Conforme o blog foi crescendo, ficando mais recheado, alguns seguidores foram aparecendo com comentários positivos e estimulantes e críticas construtivas.
Alguns de meus contos foram selecionados para participação de antologias. Recebi um convite para escrever um conto inédito, temático e especial, que me exigiu muita pesquisa, para compor uma antologia escrita apenas por mulheres: “Damas de Ferro”, da Projeto Literário Coletâneas (PLC), com lançamento em março/2021.
Com a prática acabei encontrando o meu estilo e descobrindo o que realmente gostaria de dizer. Qual seria a minha marca como autora. Assim, uma ideia para um novo projeto surgiu: uma coletânea de contos que sacudiria os leitores e os faria refletir. Sem abrir mão das boas histórias.
O universo de possibilidades da estrita estava apenas começando a se abrir na minha frente. E, como dentro de uma história nada é impossível, nem o céu seria o limite.
“No combate entre um texto apaixonante e seu leitor, o romance ganha sempre por pontos, enquanto o conto deve ganhar por nocaute.”
Julio Cortázar
Parabéns Ju, pela coragem de correr atrás do seu sonho… estou acompanhando e adorando tudo… desejo sucesso sempre…
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Obrigada!❤
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